Urano
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Urano (também referido como Úrano) é o sétimo planeta do Sistema Solar, situado entre Saturno e Netuno. A característica mais notável de Urano é a estranha inclinação do seu eixo de rotação, quase noventa graus em relação com o plano de sua órbita; essa inclinação não é somente do planeta, mas também de seus anéis, satélites e campo magnético. Urano tem a superfície mais uniforme de todos os planetas por sua característica cor azul-esverdeada, produzida pela combinação de gases em sua atmosfera, e tem anéis que não podem ser vistos a olho nu; além disso, tem um anel azul, que é uma peculiaridade planetária. Urano é um de poucos planetas que têm um movimento de rotação retrógrado, similar ao de Vénus.
Tem 27 satélites ao seu redor e um fino anel de poeira.
O seu diâmetro equatorial é de cerca de 51.118 km, isto é, quatro vezes superior ao da Terra. Urano situa-se a (o semi-eixo maior de sua órbita mede) cerca de 2.870.000.000 de km do Sol, equivalente a 19,18 vezes a distância da Terra ao Sol.
A inclinação axial próxima a 90º de Urano fá-lo girar praticamente "deitado"; por isso suas regiões equatoriais ficam muito fracamente expostas à luz e à energia solar a maior parte do tempo, especialmente por ocasião dos solstícios de Urano. O que ainda permanece incógnito e sem resposta clara é o fato de a temperatura destas regiões não serem menores do que as temperaturas registradas nos pólos; estes, em função da inclinação axial, ficam alternadamente expostos o tempo inteiro à radiação solar. É provável que haja algum tipo de geração de calor e que a dinâmica atmosférica deste planeta promova, de alguma forma, o aquecimento das regiões equatoriais, mas até o momento não há consenso entre os cientistas sobre como isto se dá.
Urano foi o primeiro planeta descoberto que não era conhecido na antiguidade, embora tenha sido observado e confundido com uma estrela em muitas ocasiões. O registro mais antigo dele se deve a John Flamsteed, que o catalogou como a estrela 34 Tauri em 1690, assim como ocorreu a Galileu, que entre 1612 e 1613 observou Urano em algumas ocasiões pelo telescópio, mas o registrou como diferentes estrelas.[carece de fontes] Numa das ocasiões, Galileu chegou a se surpreender com o fato de ter "anotado incorretamente" a posição daquela "estrela" no dia anterior, e limitou-se a "corrigir" a posição, sem cogitar a possibilidade de tratar-se de um movimento angular real do objeto e perdendo a oportunidade de adicionar mais este mérito à sua extensa lista de contribuições à Ciência.
Sir William Herschel, um músico alemão da corte do rei Jorge III da Inglaterra, descobriu o planeta Urano em 13 de março de 1781, usando um telescópio construído por ele mesmo, embora a princípio relatasse que se tratava de um cometa. Inicialmente deu-o ao nome do Georgium Sidus (estrela de Jorge) na honra ao rei que acabava de perder as colônias britânicas na América, mas tinha ganho uma estrela. No entanto, o nome não demorou para mudar para Grã-Bretanha, e Joseph Lalande, um astrônomo francês, propôs a chamá-lo Herschel em honra de seu descobridor. Finalmente, o astrônomo alemão Johann Elert Bode propôs o nome de Urano em honra ao deus grego, pai de Cronos – cujo equivalente Romano era chamado de Saturno. Em 1827, o nome Urano era mais usado para o planeta que Grã-Bretanha. O HM Nautical Almanac continuou listando como Georgium Sidus até o ano de 1850.
Características físicas
Composição e estrutura interna
Urano tem um núcleo composto de rochas e gelo de diferentes tipos, este último muito mais abundante. O planeta tem uma densa atmosfera formada por uma mistura de hidrogênio e hélio que pode representar até 15% da massa planetária. Urano (assim como Neptuno) é em muitos aspectos um gigante gasoso cujo crescimento se interrompeu sem ter acumulado as grandes massas dos gigantes planetas gasosos internos Júpiter e Saturno.
Em Urano há uma transição gradual da atmosfera para oceano líquido. Conseqüentemente, o oceano de Urano não se parece em nada com o terrestre. A superfície de Urano não é propícia a vida, porque a pressão e o frio são extremos, além disso os raios solares não ultrapassam mais que umas centenas de metros na atmosfera.
Inclinação do eixo de rotação
Urano possui um movimento de rotação retrógrado, similar apenas como o de Vênus. Seu eixo de rotação tem quase noventa graus de inclinação em relação ao plano orbital. Durante seu período orbital de 84 anos, alternadamente, cada um dos pólos é iluminado permanentemente pelo Sol, enquanto o outro permanece na sombra.
Conseqüentemente espera-se que este planeta tenha importantes efeitos sazonais em sua atmosfera. Não são conhecidos os motivos da inclinação do planeta, porém imagina-se que durante sua formação o planeta tenho colidido com um outro grande planeta capaz de produzir esta orientação anormal. Sendo outra possibilidade os distúrbios gravitacionais exercidos por outros planetas gigantes do sistema solar. Durante a passagem da Voyager 2, em 1986, o pólo sul de Urano estava apontando praticamente para o sol. Era o "verão" do hemisfério sul. Nesse tempo as nuvens do planeta estavam fracamente distribuídas em faixas e em zonas perceptíveis. As observações mais recentes do telescópio espacial Hubble mostram uma estrutura mais dinâmica à medida que os raios solares alcançam as latitudes equatoriais. Em 2007 o sol iluminou diretamente o equador do planeta (equinócio).
Em 23 de agosto de 2006, os astrônomos da universidade de Wisconsin-Madison usando a câmera avançada para Estudos ACS do telescópio espacial Hubble, fizeram uma imagem de uma macha escura em Urano em formato prolongado e medindo 1.700 por 3.000 quilômetros.
Campo magnético
O Campo magnético de Urano é também anormal em suas posição e características, o eixo magnético não é centrado no planeta, ele é deslocado e inclinado em 60º em relação com o eixo de rotação. O campo magnético é originado provavelmente em zonas não muito profundas do planeta. Netuno também tem um campo magnético deslocado, razão porque é possível que o curioso eixo magnético de Urano não está limitado às peculiaridades de seu eixo de rotação. Por outro lado, o campo magnético de Urano é bem similar aos outros planetas gasosos. No entanto está comprovado que o campo magnético de Urano tem características especiais. O campo magnético de Urano é um pouco menos intenso que o campo magnético da Terra, mas ao contrário da Terra, Urano não tem elementos metálicos em seu interior. Conseqüentemente, o campo magnético é gerado por outro tipo de material condutor.
Anéis
Em 1977, foram descobertos os primeiros nove anéis de Urano. Durante os encontros da Voyager, estes anéis foram fotografados e medidos, tal como outros dois anéis. Os anéis de Urano são muito diferentes dos de Júpiter e Saturno. O anel épsilon exterior é composto principalmente por blocos de gelo com vários metros de diâmetro. Uma distribuição muito ténue de poeira fina também parece estar dispersa pelo sistema de anéis. Pode existir um grande número de anéis estreitos, ou possivelmente anéis incompletos ou arcos de anéis, tão pequenos quanto 50 metros (160 pés) de largura. Descobriu-se que as partículas individuais dos anéis são de baixa reflectividade. Descobriu-se que pelo menos um anel, o épsilon, tem a cor cinzenta. As luas Cordelia e Ofélia agem como satélites pastores (satélites que pela atuação de sua força gravitacional, controlam o tamanho do anel) para o anel épsilon.
Luas
Urano tem 27 satélites naturais conhecidos. Nenhum deles possui atmosfera. Os nomes dos satélites de Urano foram retirados de personagens de várias peças de William Shakespeare e de obras de Alexander Pope, especialmente os personagens principais femininos deles. Referimos a seguir o nome delas, bem como a obra literária a que estão associadas:
- Oberon (Sonho de uma noite de verão de Shakespeare)
- Titânia (Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare)
- Umbriel (The Rape of the lock, de Alexander Pope)
- Ariel (A Tempestade, de Shakespeare)
- Miranda (A Tempestade, de Shakespeare)
- Puck (Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare)
- Pórcia (O Mercador de Veneza, de Shakespeare)
- Julieta (Romeu e Julieta, de Shakespeare)
- Créssida (Troilo e Créssida, de Shakespeare)
- Rosalinda (Como lhe aprouver - As You Like It, de Shakespeare)
- Belinda (Rape of the lock, de Pope)
- Desdémona (Otelo, de Shakespeare)
- Cordélia (Rei Lear, de Shakespeare)
- Ofélia (Hamlet, de Shakespeare)
- Bianca (A megera domada - Taming of the Shrew - de Shakespeare)
- Sycorax (Mãe do Monstro Caliban - A tempestade - de Shakespeare)
Os satélites maiores são Titânia e Oberon, de tamanho semelhante (1580 e 1520 km de diâmetro, respectivamente). Outros satélites importantes são Umbriel, Ariel e Miranda. Eram estes os cinco satélites conhecidos de Urano antes da chegada da Voyager 2. Astrônomos localizaram-nos entre 1787 e 1848.
Os satélites maiores foram fotografados pela sonda espacial Voyager 2 entre1985 e 1986. As fotos tiradas por ela ainda são as imagens de maior resolução que temos destas luas tão distantes.
Nos meses anteriores à chegada da Voyager 2 sua câmera foi dedicada à exploração do plano equatorial para descobrir novos satélites invisíveis da Terra. Ela encontrou 10 luas com diâmetros de 40 a 160 kms. Elas estão localizadas entre os anéis mais externo e Miranda. Posteriormente, a partir dos anos 90, o Telescópio espacial Hubble permitiu aumentar o número de satélites conhecidos para um total de 27.
Miranda, um satélite de apenas 470 kms de diâmetro. Ele tem o precipício mais alto do Sistema solar (Verona Rupes); uma parede muito alta com 20 km altura (10 vezes mais altas que as paredes do Grand Canyon, na Terra).
Uma particularidade das luas de Uranus é que 8 das 9 luas mais distantes (Francisco, Caliban, Stephano, Trinculo, Sycorax, Prospero, Setebos e Ferdinand) são todas luas de massa relativamente pequena, orbitam Uranos no sentido retrógrado ao movimento dos planetas e possuem uma grande inclinação em relação ao plano orbital.
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